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DESTAQUE

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Eros Volúsia (Heros Volúsia Machado- 1914/ 2004) foi uma dançarina brasileira nascida no Rio de Janeiro, aluna de Maria Olenewa na Escola de Bailados do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, hoje Escola Estadual Maria Olenewa. Estreou no Teatro Municipal e pouco depois podia ser considerada a inventora da dança brasileira. As danças místicas dos terreiros, os rituais indígenas, o samba, o frevo, o maxixe, o maracatu e o caboclinho de Pernambuco foram algumas das fontes de pesquisa artística da bailarina. Em uma de suas inúmeras entrevistas dadas à Revista O Cruzeiro, Eros Volúsia sintetizou sua missão artística: "Dei ao Brasil o que o Brasil não tinha, a sua dança clássica!"

PUBLICAÇÕES

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QUANDO NOVEMBRO CHEGAR...

Casa do Benin vista do Alto
do Pelourinho - Sede do CARDAN
Foto de Albenisio Fonseca
     No final do mês de outubro, será lançado oficialmente o CARDAN - Centro de Articulações e Referência em Dança Negra, um projeto gerido pelo bailarino e coreógrafo baiano Elísio Pitta, o qual já na primeira edição do EIDAN – Encontro Internacional de Dança Negra, em 2008, fomentava tal idéia. Passados três anos, de marchas e contra marchas, por conta de estudo de viabilização, formatação e, principalmente, de vontade política junto às autoridades competentes, o projeto magistralmente ganha vida e concretiza-se. Nesse ínterim, a dança negra veio mobilizando projetos individuais fortemente planejados para coletivos, os quais tomaram corpo, como a presente Revista pela qual vos falo
     A geração de artistas dos anos 90 da dança contemporânea carioca – como Lia Rodrigues, João Saldanha, Márcia Milhazes, Carlota Portela, Regina Miranda, Paula Nestorow, Gatto Larsen e Rubens Barbot, produziram com grande maestria o Centro Coreográfico do Rio de Janeiro
E a dança negra no século XXI produz o CARDAN, e Salvador tinha que ser verdadeiramente o grande protagonista desta obra diferencial comprometida com a produção memorial negra através da dança nacional e internacional, sendo um fundamental passo em nossa história nos últimos tempos.
Centro Coreográfico do
Rio de Janeiro
     As ações, na dança negra nacional, veem florescendo por conta de estímulos á organização, interação, gerência e fomento, como também, para conexões em coletivo de artistas, produtores e educadores, os quais fortalecem pela iniciativa, a valorização e consolidação dos nossos fazeres e saberes, tirando-nos em reboque do teatro, que também conta com seus problemas e articulações. O caminho construído por meio de rede, em roda e TERREIRO, nos faz fortes e plenos em axé, e o Fórum Nacional de Performances Negras foi um importante protagonista disto. Ações como o CARDAN, o Terreiro Contemporâneo de Dança, a Revista Terreiro Contemporâneo, o Dança Nas Favelas, são alguns dentre tantas outras atuAÇÕES que comprovam a consolidação e importância do Fórum na primeira década do século XXI para as artes e cultura negra brasileira.
     A edição Número Três da Revista Terreiro traz aos nossos amigos leitores as ações em verbo de Elísio Pitta, Betto Pacheco, João Costa, Rui Moreira e Claudia Ramalho. Novas ações na sala de vídeo, além de um belo poema da nossa escritora e poeta Conceição Evaristo e a bela produção de arte da nossa querida designer Verônica Luzia.
     Assim, quando novembro chegar haverá aplausos para muitas ações, principalmente para os gestores de idéias, que dão um duro danado para realizar suas propostas.
Fraternas saudações, axé e muita paz!

Gatto Larsen

DANÇOLOGIA NEGRA CARIOCA: Cia Aérea de Dança Incena

João Carlos Ramos 

Coreografar é trabalhar com a magia, com a mágica! (...) É a arte do encantamento. E eu quero encantar as pessoas
(João Carlos Ramos)

Apresento a seguir parte de uma experiência vivida como assistente e colaboradora no workshop ‘Salão InCena’, realizada no Rio de Janeiro no período de julho e julho de 2011, produzido e ministrado pelo coreógrafo e diretor João C. Ramos da Cia Aérea de Dança(RJ), o qual abordou de modo prático e teórico sobre tema processo coreográfico em dança, voltado para profissionais.   
- O desejo que move o criador:
Assim inicia Ramos, sobre o processo de coreografar em dança, abordando inicialmente sobre o desejo. Com uma experiência profissional de mais de vinte e seis anos, afirma que o desejo delineia e impulsiona este singular fazer artístico, revelando as diretrizes que fundamentam, no seu entendimento, o ato de coreografar: ‘como dar sentido ao espaço?’. A partir desta indagação incita aos participantes á criação de ações que exponham suas idéias, selecionando um tema com algo diferente ou mesmo com algo novo, sublinhando ser estes itens elementos impulsionadores do público querer sentar-se diante da obra para observá-la e possivelmente admirá-la.

CARDAN

Salvador ganha centro de articulações e  referência em dança negra

Salvador ganha nova singularidade a partir do próximo dia 28 de outubro com a implantação do CARDAN - Centro de Articulações e Referência em Dança Negra, na Casa do Benin (no Pelourinho). A iniciativa, segundo seu idealizador, o dançarino e coreógrafo, *Elísio Pitta, “visa dialogar, debater, reativar, e principalmente, promover um resgate de fundamental importância para a cultura negra, tanto na cidade como em âmbito nacional e  internacional”.
 De acordo com Pitta, o CARDAN tem como ponto de partida “a trajetória e o olhar legítimo de seus proponentes que se configuram, concomitantemente, como sujeitos e objetos de uma construção empírica baseada em parâmetros referenciais próprios”.

Terreiro Contemporâneo de Dança

Terreiro - Espaço de terra amplo, plano e despejado onde se cultuam idéias.
Contemporâneo - Que é do tempo atual; dos homens dos tempos de hoje.
Dança- Idas e vindas; arte; movimento incessante.

A ressonância de conversas entre representantes de companhias de dança, artistas independentes e pensadores que observam, valorizam e se inspiram na afrodescendência como elemento de construção da história arte contemporânea, desvelou um circuito de eventos que difunde pensamentos, práticas e que formam uma REDE onde os cruzamentos são luminosos.
Em observância a esta rede, surge o movimento batizado de - Terreiro Contemporâneo de Dança. Este movimento propõe colaborações que promovam foco sobre as danças negras contemporâneas, tradicionais e patrimoniais, induzindo a criação de circuitos de eventos para apreciação e reflexão de pensamentos sobre as consequências sociais, políticas e estéticas em torno destas experiências artísticas. O Terreiro Contemporâneo busca articular-se em espaços de imersão mobilizando pensadores, músicos, artistas visuais, dançarinos de danças patrimoniais, bailarinos acadêmicos, diretores de cena, coreógrafos e demais interessados na difusão de pensamentos, registros e publicações de obras produzidas com base no universo cultural negro - diaspórico  e africano.

PROJETO DANÇA DAS FAVELAS*

Meu Pai e minha Mãe na época do carnaval de rua lá pelos anos 68/70, levavam-me para assistir carnaval de rua na Lapa em São Paulo. Não sei bem aonde era a rua, mas sei que tinha um aglomerado de gente que me deixava extasiado. Os desfiles das Escolas de Samba, ou seja, Cordões que na época aconteciam na rua, separados por cordas passavam frenéticos. Eu, seis anos e minha irmã oito anos, atravessávamos esse isolamento e íamos ver o desfile de perto e nossos pais ficavam atrás.
Num desses carnavais estávamos no meio fio vendo o desfile (não sei de que Cordão) e passou uma ala de baianas, uma delas veio em minha direção e me colocou um cordão que ela estava usando. Eu comecei a pular e dançar de alegria. Meu pai ao ver aquilo ficou preocupado com aquilo que a mulher havia feito.
“- Bobagem nada de mais ela só gostou dele.” 
Muitos anos se passaram até que não deu mais.  Eu e a Dança nos encontramos, larguei tudo e me dediquei a Arte de Dançar, “Que Prazer! ” Claro que não com a total concordância do meu Pai...
“-É! Acho que foi aquela baiana que colocou feitiço em você!”

LUIZ GAMA

Para expandir o conhecimento aos leitores da nossa Revista Terreiro Contemporâneo,  que não têm acesso às informações das principais personalidades negras que muito contribuíram para a formação do povo brasileiro, nos campos: cultural, científico, jurídico, político, técnico, poético, literário, religioso, e de resistência, negadas que são pela história oficial. Publicaremos nessa e nas próximas edições, biografias de alguns personagens, que muito contribuíram  para nossa formação como povo, e que são perversamente negad@s  pelo sistema que nos impõem.
Luiz Gonzaga Pinto da Gama

      Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu na cidade de Salvador, Bahia, no dia 21 de junho de 1830, filho de Luíza Main, africana liberta, e de um fidalgo português cujo nome nunca fora revelado pelo filho, "para poupar  à sua infeliz memória uma dolorosa injúria". Segundo a história oral, Luiza Main, mais de uma vez, na Bahia, fora presa por suspeita de envolver-se em planos de insurreição de escravos, inclusive na Revolta dos Malês, ocorrida em 1835.  Em 1837, fugiu para o Rio de Janeiro, onde desapareceu.
     As insurreições baianas fizeram parte da vida de Luiz Gama, que passou sua infância num ambiente habitado por diversas etnias, todas, submetidas à experiência da escravidão.

CIA BAOBÁ NA ECOLES DES SABLES DE GERMAINE ACOGNY - SENEGAL

Junia Bertolino, Lu Silva e Roberta Roldão

Entre os 40 bailarinos e coreógrafos de diversos países, como Alemanha, USA, França, Holanda, Japão, Congo, Burkina Faso, Nova Guiné, Costa de Marfim, Gabon, Togo, Suíça, Espanha, La Reunion, RDC e Chile, estávamos nós - Junia Bertolino e Lu Silva da Cia Baoba (BH) e Roberta Roldão (Uberaba) - representando o Brasil e um pouco da sua dança, aqui no Senegal. Como “negras” brasileiras, sentimos este um momento de forte intercâmbio cultural e muito estudo da dança africana, além da oportunidade singular de estar e estudar com Germaine Acogny, grande mestra da dança senegalesa no mundo.
No período de um mês e meio, 18 de julho a 27 de agosto de 2011, um curso foi oferecido na cidade de Toubab Dialaw no Senegal, pela Associação Jant-Bi, onde aprendemos muito com a África e nossos irmãos dançarinos de diásporas, possibilitando-nos intercâmbio cultural e ensinamentos da oralidade ancestral através das danças tradicionais, bem como seus diálogos com o contemporâneo. Este é o 14º estágio de formação profissional em danças tradicionais e contemporâneas africanas, criado em 1996 pela Ecoles Des Sables sob a direção artística de Germaine Acogny e Patrick Acogny, e com a direção administrativa de Helmut Vogt.